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Celular na Gravidez

CELULAR NA GRAVIDEZ

Fernando Antônio de Vasconcelos

Fernando Antônio de Vasconcelos

07/04/2000

Cláudia, funcionária de Banco privado, casada há pouco mais de um ano, era daquelas mulheres que, se fosse possível, passava o dia “pendurada” num aparelho celular. Chegou a ter problemas com o chefe que, vez por outra, flagrava conversas suas durante o expediente. Mas Cláudia engravidou e aí a situação ficou mais complicada. Além das conversas com as amigas, o volume de consultas aumentara, seja junto ao ginecologista, seja em conversas com sua mãe e sogra.

Numa das consultas com o médico, este fez a seguinte advertência:

– Cláudia, você já pensou que o uso do celular pode prejudicar a saúde do seu bebê? Um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e de Aarhus, na Dinamarca, sugere que o uso do celular durante a gravidez pode atingir o feto, causando problemas de comportamento quando ele atingir a idade escolar.

– Mas, como é isso possível, doutor? Eu nem encosto o celular na barriga.

– Olhe, minha filha, foram entrevistadas 13.159 mães dinamarquesas que tiveram bebês na década de 90. Quando completaram sete anos, as mães responderam um questionário referente à saúde e ao comportamento dos filhos. O resultado foi alarmante: as que usaram o celular de duas a três vezes por dia na gestação tiveram crianças com mais chances de desenvolver problemas de comportamento. Eles indicaram 25% mais riscos de apresentar problemas emocionais, 34% de ter dificuldade de relacionamento, 35% de ser hiperativos e 49% de apresentar desvios de conduta. O mesmo valia para crianças que já usavam o aparelho antes dos sete anos: eles tinham 80% mais chances de ter dificuldades comportamentais. Uma pesquisa canadense em ratas grávidas comprovou o resultado.

Cláudia ficou apavorada. Como iria poder largar o celular, seu objeto de consumo? Vou consultar outro médico (pensou) – esse está muito desatualizado. Falou com o marido sobre o problema. Este ponderou:

– Mas, Cláudia, o que se imagina é que a exposição à radiação emitida pelo celular, ainda que pequena, não seria bem absorvida pelo organismo humano. Já li em algum lugar que as mães que mais usavam o telefone poderiam ser também mais negligentes com as crianças. Mas, por via das dúvidas, vamos consultar o nosso amigo, Dr. Lobão, ginecologista e obstetra, além de professor de Medicina.

Foram ao consultório do Dr. Lobão e este recomendou ponderação:

– Pode até ser que o resultado um dia venha a se comprovar, mas os dados parecem inconclusivos – disse. Este é o primeiro estudo na área a traçar um paralelo entre o uso do celular e o aparecimento de problemas de comportamento em crianças. Não dá para falar: “não use mais celular”. Mas eu diria às minhas pacientes para usar o mínimo possível.

Cláudia não se conformava. Parecia um vício. Ao tocar no celular, lembrava da criança e não fazia a ligação. Quando ligavam para ela, pedia para alguém atender. Leu numa revista que a potência da radiação que o celular transmite é pequena e, se causasse algum problema, seria no cérebro da gestante.

– Existe uma distância grande entre o ouvido da mulher e o útero –falou para o marido. Não consigo ver uma relação biológica, disse.

O marido ficava calado, sabendo do sofrimento da mulher. Recorreu a um engenheiro eletrônico, seu amigo, que elaborou um “código de conduta” para Cláudia: “ao manuseá-lo, faça-o distante do ventre; não fale dentro do automóvel ou do elevador, porque eles concentram a radiação; ao fazer ligações, disque o número e mantenha o telefone longe da cabeça; use viva-voz”.

E o maridão completava:

– É absurdo, eu sei, minha querida. Todavia, não custa racionar o uso. Faz até bem para o bolso…


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