GENJURÍDICO
piracema-450×300

32

Ínicio

>

Artigos

ARTIGOS

O paradoxo do caso Mariana

BARRAGEM

MARIANA

REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

SAMARCO

Paulo de Bessa Antunes

Paulo de Bessa Antunes

25/05/2016

Tornar o ES, que é, claramente, vítima dos infelizes acontecimentos, em réu é uma inversão completa de valores

piracema-450x300

Foi homologado o acordo entre Vale, Samarco e BHP com os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo, relativo aos graves acontecimentos decorrentes do rompimento da barragem em Mariana, em Minas Gerais. Uma solução muito melhor do que a eternização de demandas judiciais, cujos resultados são imprevisíveis.

Todavia, chama a atenção o Ministério Público Federal (MPF) ajuizar uma nova ação civil pública, em MG, que questiona o acordo e, ao mesmo tempo, responsabiliza pela reparação do dano ambiental uma lista que inclui a Anvisa, a Funai e o ICMBio, além de surpreendentemente colocar entre os réus o Estado do Espírito Santo e algumas de suas autarquias de controle ambiental.

O processo movido em face do Estado capixaba é, com o devido respeito, um dos maiores absurdos jurídicos dos quais tenho conhecimento em uma vida profissional de 37 anos, no que se refere à responsabilidade ambiental, de conceber que quem esteja situado rio abaixo, possa ser responsabilizado por acontecimentos verificados rio acima.

O Espírito Santo não exerceu ou exerce qualquer controle ambiental sobre a barragem rompida, simplesmente pelo fato de que as suas atribuições são limitadas ao seu território. Assim, responsabilizá-lo pelo fato ou qualquer uma de suas consequências é uma incongruência.

Da mesma forma, não faz qualquer sentido transformar em réu o ICMBio, instituto encarregado da gestão de unidades de conservação, já que em nada contribuiu para os fatos, seja por ação ou omissão e, na verdade, muitas áreas protegidas foram negativamente impactadas. O mesmo se diga da Funai. A Anvisa, como ré, é certamente o maior mistério de todos.

Em conclusão: tornar o Espírito Santo, que é, claramente, uma vítima de todos os infelizes acontecimentos, em réu é uma inversão completa de valores que não faz jus ao belo papel que o MPF vem desempenhando na operação Lava Jato e pela atuação serena e firme do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em casos extremamente importantes para a vida nacional.


Veja também:

Conheça as obras do autor (Clique aqui!)

Assine nossa Newsletter

Li e aceito a Política de privacidade

GENJURÍDICO

De maneira independente, os autores e colaboradores do GEN Jurídico, renomados juristas e doutrinadores nacionais, se posicionam diante de questões relevantes do cotidiano e universo jurídico.

Áreas de Interesse

ÁREAS DE INTERESSE

Administrativo

Agronegócio

Ambiental

Biodireito

Civil

Constitucional

Consumidor

Direito Comparado

Direito Digital

Direitos Humanos e Fundamentais

ECA

Eleitoral

Empreendedorismo Jurídico

Empresarial

Ética

Filosofia do Direito

Financeiro e Econômico

História do Direito

Imobiliário

Internacional

Mediação e Arbitragem

Notarial e Registral

Penal

Português Jurídico

Previdenciário

Processo Civil

Segurança e Saúde no Trabalho

Trabalho

Tributário

SAIBA MAIS

    SAIBA MAIS
  • Autores
  • Contato
  • Quem Somos
  • Regulamento Geral
    • SIGA